sábado, 19 de novembro de 2011

 AUTOMANÍACOS ULTRAS - AUTO ESPORTE CLUBE
Entrevista com Laércio Ismar, membro da Automaníacos Ultras e dono da bonita tatuagem a baixo:
Em que ano a torcida foi fundada? Haviam outras torcidas ou vocês sentiam que faltava apoio ao Auto Esporte?
- Fundamos a Ultras no dia 19 de novembro do ano passado, quando decidimos extinguir a antiga organizada, Força Jovem Alvirrubra (FJA). Todos gostavam do movimento, mas grande maioria tinha receio de integrar por questão da violência. Sempre admirei e acompanhei as Ultras Européias, a começar pela festa nos estádios, depois ideologias. Como seria algo único aqui na Paraíba, e raro aqui no Nordeste (destaco a Resistência Coral, do Ferroviário/CE), decidimos arriscar.
Como foi o começo da fundação da torcida? As dificuldades, a luta por espaço, as primeiras festas, viagens..
- Como não havia jogos no período, deu pra fazer alguns materiais como as faixas. Infelizmente, como acontece em várias torcidas, de arranque, tem muitos, mas na hora H, pra ajudarem, principalmente financeiramente, poucos. Estamos conseguindo mudar essa cultura. As maiores dificuldades foi agregar o maior número de adeptos devido a má campanha que o time fazia no estadual.
Em relação a viagens, sempre foi tranquilo. Juntando Ultras 1936 e FJA, já são 3 anos de 100% de presença nos jogos oficiais do clube.
Qual o motivo de criar uma torcida com identidade/nome de ULTRAS?
- Inspiração nas Ultras europeias. Sou fascinado pelos shows pirotécnicos, os cantos em tons militantes, e o descontrole gerado nas arquibancadas. Até agora, está sendo bem aceito em nossas arquibancadas.
Na Europa, cada Ultra tem sua posição política, na Automaníacos também existe alguma posição política?
- Sim.  Todos tem uma certa revolta contra o governo. Onde há governo, há corrupção. (minha opinião, e de quase toda a torcida). Numa de nossas reuniões, debatemos política, e chegamos a conclusão de que grande maioria -posso até dizer que a claque quase por inteira- tem uma visão esquerda-anarquista. Mas não tão de esquerda assim. Comunismo é uma ideia bonita para um conto de fadas, fálido aqui no Brasil. Porém, temos que concordar que algumas ideias são válidas e interessantes.
Qual a posição da torcida em relação aos ''mistos''?
- Cada um tem o livre arbítrio de fazer o que quiser. Nosso futebol é deficitário... aqui o futebol é foda, não só aqui na Paraíba, mas em quase todo o Nordeste. A federação prefere prejudicar o clube do que ajudar, e consequentemente, levar o futebol paraibano para cima... Altas taxas, desrespeito ao torcedor, rasgam o estatuto... Mas ninguém fala nada, a srtª Presidente Rosilene Gomes (que está a 23 anos no poder) só falta sentar no colo de Ricardo Texeira.... Digamos, ela é uma 'filha' para ele... tem anos que passamos 8 meses sem futebol... A imprensa também não ajuda... São poucos os que se salvam. E assim, muitos torcedores terminam adotando outro time pra torcer... Estamos com alguns projetos para acabar com torcedores do próprio clube que usam camisas de outros times. Só estamos dependendo de alguns detalhes.
E qual é a movimentação da torcida, para que o povo paraíbano torça para o hexa campeão do estado?
- Procuramos usar a própria política para agregarmos adeptos. Um dos apelidos do clube, é 'O Clube do Povo.' O povo que é tanto explorado, que recebe migalhas, e migalhas estas que praticamente são devolvidas a mão do 'sistema'. É coerente que os mesmos praticamente não tem lazer. Estamos viabilizando projetos para agregar adeptos operários, feirantes, autonomos ao nosso clube, pagando preços especiais pelo ingresso, por exemplo, o trabalhador que tem uma renda baixa, comprova a mesma e compra o ingresso a preço de estudante.

Complementando... O clube tem que ganhar títulos para agregar torcedores. Ao menos saiu da fila que já durava 19 anos e o vermelho voltou a incendiar a cidade. Com certeza, os que se afastaram voltarão, e os que não tem um time do coração, terão uma certa atenção para o nosso clube, já que o rival foi lanterna do certame (infelizmente não tinha rebaixamento) e há um bom tempo vem em crise política (administrativa), juntando as 'torcidas organizadas' que brigam entre si, consequentemente afastando o torcedor de campo.
O operário precisa de alguém que os escute, que se preocupem com eles.
Toda torcida ''pequena'' é uma família; quantos membros a família Ultras põem na bancada?
- Nos tempos de FJA, 7, 10, 15... Todo mundo conhecia todo mundo... Nos clássicos, dava uns 30, 35... Hoje em dia, em jogos pequenos conseguimos colocar em torno de 30 a 35. Nos jogos decisivos, até onde consegui contar, passamos dos 60, 70. Muitos adeptos que nunca vi na vida. Na final da Copa Paraíba foi tenso pra conseguir um lugar em cima na bancada. O melhor de tudo: Todos cantavam, pulavam. Ouvi em bom tom os gritos da Ultras do lado de fora do estádio, quando o time entrava em campo (neste momento eu estava arrudeando o estádio para entrar com os fogos, já que os bastardos queriam barrar a entrada.
Agora iremos disputar Copa do Brasil. A tendência é crescer.
Ultras 1936 possui alguma amizade ou união com alguma outra torcida?
 - Contato e respeito com algumas. Evitamos alianças. Vi que é algo que acontece na Europa (e me surpreendi bastante), mas preferimos ser nós por nós, mesmo. Fazemos uma aliança e ganhamos 20 inimigos.
Qual a relação da torcida com o clube? A Ultras participa de alguma reunião interna do clube, recebe alguma ajuda financeira?
- Participamos sempre que podemos. Descemos o pau quando é necessários, aplaudimos quando merecido. Não recebemos nada, e nem queremos. Afinal, ninguém quer ficar de "rabo preso" e não poder cobrar uma contratação ou um resultado, por que recebe ajuda de diretoria.
Qual foi a caravana mais longe?
- As duas para Sousa (450 km). A primeira foi no último jogo do Paraibano, não valia mais nada. Saimos da capital as 4h40 da manhã, de ônibus intermunicipal. 8h de viagem. 5 pagantes no estádio. Dois deles Alvirrubros, eu e o Osama. Vimos o time perder por 2x0. A outra também perdemos, pela Copa Paraíba, mas foi mais gente. Inclusive, neste deslocamento tiraram a foto que mais gosto de todas:
OBS: Em nenhum dos dois jogos a torcida local deu as caras. Pra não ser injusto no segundo jogo, sim. 6 piás. Tacaram pedra no teto do nosso transporte, no meio da moita. Mas tudo bem, o que vai, volta.

Hoje, 19 de novembro de 2011, a Automaníacos Ultras completa um ano de muita luta e alento. Parabéns ao movimento. Obrigado, Laércio Ismar, pela primeira entrevista do blog. Boa sorte na caminhada da Ultras!


Vídeo da Final da Copa da Paraíba, onde, depois de 19 anos, o Auto saiu da fila e ganhou o título:

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